Tendo em vista da quantidade de problemas que o mundo enfrenta, achei por bem compor este artigo, in tribulatione patientis, que em latim significa “pacientes na tribulação”.
O mundo hoje prega um materialismo desregrado junto com um relativismo absurdo. Excluiu-se Deus de forma quase completa da sociedade em nome do egoísmo. A maior prova disso é que hoje cada um adapta um deus para si, um deus comerciante, um deus que atende as necessidades particulares. É essa a pior heresia do século XXI, pois é uma heresia que não se agrupa. Mesmo seu pensamento é individualista.
O homem excluiu Deus de tal forma de sua vida que quis moldar um deus individual para si, um deus puramente material, pois ninguém pode mais sofrer. O homem hoje para não se chamar Deus faz absurdos maiores ainda, como dizer que Deus não existe ou como moldar um deus para suas necessidades. Isso está correto?
A religião que prevalece hoje não é uma religião, é o individualismo. A palavra Religião por si só significa religar. Mas religar o que? Religar o homem a Deus. Hoje o relativismo, o egoísmo e o individualismo misturados em uma panela de lama formam a pseudo-religião do eu. O que vale não é o direito de Deus e sim o direito que eu tenho de pensar o que é Deus. Mas a questão é: Se Deus é um ser, que já existe, será que eu tenho o direito de pensar no que Ele é? Será que eu tenho o direito de ajustar a vontade de Deus segundo a minha vontade? Ou será que esses atos são apenas uma tentativa do homem fazer prevalecer seu individualismo, seu relativismo e seu egoísmo muito mal expressos na forma de religião?
A Palavra de Deus diz em Rm 12, 12:
“Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (negrito meu).
O que importa é buscarmos o Reino de Deus e a sua justiça, pois todas as outras coisas nos são dadas por acréscimo (cf. Mt 6, 33). Portanto, a prosperidade nas coisas terrenas pode não ser o que Deus quer para nós, pois se Jesus que é Deus sofreu com a pobreza, quem dirá então nós, que somos servos e não são os servos maiores que seu Senhor (Cf. Jo 13, 16)?
São Paulo também disse para buscarmos as coisas do alto, pois é lá que está nossa vida escondida em Cristo e quando Cristo em sua vinda aparecer, aparecerá também com Ele a nossa glória (Cf. Col 3, 1-4). Assim, somos todos chamados a buscar as coisas celestes, porque não somos deste mundo.
É certo que o Pai quer muito que seus filhos na terra não padeçam, mas mesmo no na tempestade Deus está conosco e às vezes as provações são mandadas pelo próprio Deus, pois a fé cresce na provação e essa vida não passa de uma sombra do mundo que há de vir. Muito melhores são as coisas do alto. Não há prazer desse mundo que se compare ao amor Ágape de Deus no céu. Entretanto, em momento algum devemos nos acomodar nesse pensamento e deixar nosso irmão sofrer, pois a caridade é uma virtude sem igual (Cf. 1 Cor 13).
Por isso, somos exortados a confiar em Deus. Jesus diz que tudo o que pedirmos nos será dado (Cf. Lc 11, 9), mas nos diz também para pedirmos que seja feita a vontade do Pai na oração do Pai Nosso (Cf. Mt 6, 10). Assim, devemos pedir a Deus o que necessitamos, mas pedir com humildade, ou seja, devemos pedir o que é da vontade de Deus que nos seja dado.
Hoje o homem esqueceu-se completamente de Deus e por isso busca um deus comerciante, pois se apegou demais as coisas do mundo e não quer sair do mundo, pois não tem mais nenhuma esperança na vida eterna. Essa é a mentalidade que o mundo nos dá hoje.
As conseqüências da falta que o sofrimento faz a vida das pessoas são notórias. A cada dia os divórcios aumentam mais. Os casais de namorados não sabem mais esperar para ter sua vida sexual. As pessoas, por não suportarem os sofrimentos da vida se suicidam. Isso é o que o mundo prega. Esse é o salário do pecado.
É bom falar também que os grandes santos da Igreja aspiravam ao sofrimento como forma de aprendizado e como forma de purificação. São Francisco de Assis deixou tudo e foi viver como um mendigo, bem como São Domingos de Gusmão. São Gaspar Bertoni quis sofrer como Jesus sofreu. Santa Liduína e Santa Rita de Cássia quiseram participar do sofrimento de Cristo na cruz. E quantos outros santos pediram a Deus o sofrimento! Se um santo pediu o sofrimento, quem somos nós, tão pecadores para pedirmos a prosperidade?
Há alguns anos o Padre Léo da Renovação Carismática Católica faleceu de câncer. Esse padre em meio às dores do câncer em momento algum pediu a prosperidade, mas pediu insistentemente para que fosse feita a vontade de Deus e para que ele aprendesse tudo o que tinha para aprender com aquela doença.
Nosso sofrimento faz bem até a quem nos rodeia. Quando o próximo nos vê sofrer e compadece-se de nós, ele cresce na fé. Quando o nosso irmão nos ajuda, sua caridade é exercitada e assim ele cumpre o segundo maior mandamento que é “Amar ao próximo como a si mesmo”.
Se a prosperidade é sinônimo da presença de Deus na vida das pessoas, pobres foram os apóstolos de Nosso Senhor. São Pedro morreu crucificado de cabeça para baixo. Santo André foi crucificado em X para que morresse lentamente e com maior sofrimento. São Paulo foi decapitado. São Tomé teve seu corpo perfurado com lanças até a morte. São Bartolomeu foi açoitado até a morte e provavelmente agonizou em carne viva. São Tiago, o maior, foi decapitado. São Tiago, o menor, foi arremessado de cima do Templo de Jerusalém e depois foi apedrejado até a morte. São Judas Tadeu (não confundir com Judas Iscariotes, o traidor) morreu crucificado. E assim também São Matias e São Filipe morreram martirizados. São João não foi mártir, mas sofreu exílio e morreu, provavelmente, nessa condição.
Não foram raros os exemplos de martírio nos primeiros séculos do cristianismo. Então, se a prosperidade indica a presença de Deus, Deus esteve ausente por um bom tempo. Assim vemos que a prosperidade não é necessariamente a vontade de Deus.
Portanto, devemos ser pacientes na tribulação e pedir a Deus que nos ensine tudo o que as provações nos podem ensinar, como os grandes santos fizeram.
É certo que o testemunho de uma cura, de um milagre, de uma graça é muito belo, mas muito mais belo ainda é o testemunho daquela pessoa que se entrega inteiramente à vontade de Deus e espera paciente na tribulação tendo a certeza de que essa vida não é nada e que um tesouro muito maior nos aguarda em Deus. Muito mais belo é o testemunho de quem espera em Deus, independente de graça, paciente na tribulação!
Por isso devemos ter a vontade de ser santos e tendo essa vontade, devemos aspirar às coisas lá de cima, onde Cristo está sentado à direita de Deus. É importante sempre pedir a Deus que a vontade d’Ele seja feita e que sejamos provados a ferro e fogo a fim de que cresçamos na fé. Isso significa que devemos aprender a agradecer a Deus, mesmo nos momentos de sofrimento, pois o sofrimento nos purifica.
O que ocorre hoje é que as pessoas não sabem mais ser pacientes na tribulação e se apegam demais as coisas materiais. O tesouro do verdadeiro cristão está, entretanto, muito acima das coisas terrenas. Sofrer não é sinônimo de ficar triste. O verdadeiro cristão suporta os sofrimentos na alegria e na oração, pois sabe que essa vida, os sofrimentos e tudo mais passam e o que vem depois é o Reino dos Céus. Assim, devemos não nos queixar, mas agradecer a Deus pela bênção que é acordar vivo a cada manhã, podendo ser mais santo a cada dia em que vivemos.
In corde Iesu et Mariae semper
Eduardo Moreira
O homem excluiu Deus de tal forma de sua vida que quis moldar um deus individual para si, um deus puramente material, pois ninguém pode mais sofrer. O homem hoje para não se chamar Deus faz absurdos maiores ainda, como dizer que Deus não existe ou como moldar um deus para suas necessidades. Isso está correto?
A religião que prevalece hoje não é uma religião, é o individualismo. A palavra Religião por si só significa religar. Mas religar o que? Religar o homem a Deus. Hoje o relativismo, o egoísmo e o individualismo misturados em uma panela de lama formam a pseudo-religião do eu. O que vale não é o direito de Deus e sim o direito que eu tenho de pensar o que é Deus. Mas a questão é: Se Deus é um ser, que já existe, será que eu tenho o direito de pensar no que Ele é? Será que eu tenho o direito de ajustar a vontade de Deus segundo a minha vontade? Ou será que esses atos são apenas uma tentativa do homem fazer prevalecer seu individualismo, seu relativismo e seu egoísmo muito mal expressos na forma de religião?
A Palavra de Deus diz em Rm 12, 12:
“Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (negrito meu).
O que importa é buscarmos o Reino de Deus e a sua justiça, pois todas as outras coisas nos são dadas por acréscimo (cf. Mt 6, 33). Portanto, a prosperidade nas coisas terrenas pode não ser o que Deus quer para nós, pois se Jesus que é Deus sofreu com a pobreza, quem dirá então nós, que somos servos e não são os servos maiores que seu Senhor (Cf. Jo 13, 16)?
São Paulo também disse para buscarmos as coisas do alto, pois é lá que está nossa vida escondida em Cristo e quando Cristo em sua vinda aparecer, aparecerá também com Ele a nossa glória (Cf. Col 3, 1-4). Assim, somos todos chamados a buscar as coisas celestes, porque não somos deste mundo.
É certo que o Pai quer muito que seus filhos na terra não padeçam, mas mesmo no na tempestade Deus está conosco e às vezes as provações são mandadas pelo próprio Deus, pois a fé cresce na provação e essa vida não passa de uma sombra do mundo que há de vir. Muito melhores são as coisas do alto. Não há prazer desse mundo que se compare ao amor Ágape de Deus no céu. Entretanto, em momento algum devemos nos acomodar nesse pensamento e deixar nosso irmão sofrer, pois a caridade é uma virtude sem igual (Cf. 1 Cor 13).
Por isso, somos exortados a confiar em Deus. Jesus diz que tudo o que pedirmos nos será dado (Cf. Lc 11, 9), mas nos diz também para pedirmos que seja feita a vontade do Pai na oração do Pai Nosso (Cf. Mt 6, 10). Assim, devemos pedir a Deus o que necessitamos, mas pedir com humildade, ou seja, devemos pedir o que é da vontade de Deus que nos seja dado.
Hoje o homem esqueceu-se completamente de Deus e por isso busca um deus comerciante, pois se apegou demais as coisas do mundo e não quer sair do mundo, pois não tem mais nenhuma esperança na vida eterna. Essa é a mentalidade que o mundo nos dá hoje.
As conseqüências da falta que o sofrimento faz a vida das pessoas são notórias. A cada dia os divórcios aumentam mais. Os casais de namorados não sabem mais esperar para ter sua vida sexual. As pessoas, por não suportarem os sofrimentos da vida se suicidam. Isso é o que o mundo prega. Esse é o salário do pecado.
É bom falar também que os grandes santos da Igreja aspiravam ao sofrimento como forma de aprendizado e como forma de purificação. São Francisco de Assis deixou tudo e foi viver como um mendigo, bem como São Domingos de Gusmão. São Gaspar Bertoni quis sofrer como Jesus sofreu. Santa Liduína e Santa Rita de Cássia quiseram participar do sofrimento de Cristo na cruz. E quantos outros santos pediram a Deus o sofrimento! Se um santo pediu o sofrimento, quem somos nós, tão pecadores para pedirmos a prosperidade?
Há alguns anos o Padre Léo da Renovação Carismática Católica faleceu de câncer. Esse padre em meio às dores do câncer em momento algum pediu a prosperidade, mas pediu insistentemente para que fosse feita a vontade de Deus e para que ele aprendesse tudo o que tinha para aprender com aquela doença.
Nosso sofrimento faz bem até a quem nos rodeia. Quando o próximo nos vê sofrer e compadece-se de nós, ele cresce na fé. Quando o nosso irmão nos ajuda, sua caridade é exercitada e assim ele cumpre o segundo maior mandamento que é “Amar ao próximo como a si mesmo”.
Se a prosperidade é sinônimo da presença de Deus na vida das pessoas, pobres foram os apóstolos de Nosso Senhor. São Pedro morreu crucificado de cabeça para baixo. Santo André foi crucificado em X para que morresse lentamente e com maior sofrimento. São Paulo foi decapitado. São Tomé teve seu corpo perfurado com lanças até a morte. São Bartolomeu foi açoitado até a morte e provavelmente agonizou em carne viva. São Tiago, o maior, foi decapitado. São Tiago, o menor, foi arremessado de cima do Templo de Jerusalém e depois foi apedrejado até a morte. São Judas Tadeu (não confundir com Judas Iscariotes, o traidor) morreu crucificado. E assim também São Matias e São Filipe morreram martirizados. São João não foi mártir, mas sofreu exílio e morreu, provavelmente, nessa condição.
Não foram raros os exemplos de martírio nos primeiros séculos do cristianismo. Então, se a prosperidade indica a presença de Deus, Deus esteve ausente por um bom tempo. Assim vemos que a prosperidade não é necessariamente a vontade de Deus.
Portanto, devemos ser pacientes na tribulação e pedir a Deus que nos ensine tudo o que as provações nos podem ensinar, como os grandes santos fizeram.
É certo que o testemunho de uma cura, de um milagre, de uma graça é muito belo, mas muito mais belo ainda é o testemunho daquela pessoa que se entrega inteiramente à vontade de Deus e espera paciente na tribulação tendo a certeza de que essa vida não é nada e que um tesouro muito maior nos aguarda em Deus. Muito mais belo é o testemunho de quem espera em Deus, independente de graça, paciente na tribulação!
Por isso devemos ter a vontade de ser santos e tendo essa vontade, devemos aspirar às coisas lá de cima, onde Cristo está sentado à direita de Deus. É importante sempre pedir a Deus que a vontade d’Ele seja feita e que sejamos provados a ferro e fogo a fim de que cresçamos na fé. Isso significa que devemos aprender a agradecer a Deus, mesmo nos momentos de sofrimento, pois o sofrimento nos purifica.
O que ocorre hoje é que as pessoas não sabem mais ser pacientes na tribulação e se apegam demais as coisas materiais. O tesouro do verdadeiro cristão está, entretanto, muito acima das coisas terrenas. Sofrer não é sinônimo de ficar triste. O verdadeiro cristão suporta os sofrimentos na alegria e na oração, pois sabe que essa vida, os sofrimentos e tudo mais passam e o que vem depois é o Reino dos Céus. Assim, devemos não nos queixar, mas agradecer a Deus pela bênção que é acordar vivo a cada manhã, podendo ser mais santo a cada dia em que vivemos.
In corde Iesu et Mariae semper
Eduardo Moreira