terça-feira, 27 de julho de 2010

A lógica do Silogismo contra a ditadura do Relativismo


A moda agora mesmo é dizer que tudo é relativo. Mesmo as ciências exatas, coroadas com a glória da lógica caíram nesse pensamento graças a alguns cientistas romantizados com a idéia iluminista do “eu tenho direito de pensar que...”
A grande maioria das pessoas, entretanto, ainda tem o bom senso do absoluto, do bem comum e do que é ou não correto de forma pura e total. Escrevo esse artigo para fazer frente à certos “pensadores” modernos que insistem em dizer que o bem e o mal são relativos. Sim, são relativos desde que um fato (premissa verdadeira) é transformado em um mito (premissa falsa) gerando toda uma conclusão falsa, que é o relativismo.
Por exemplo. Anos atrás, uma certa emissora de televisão (famosa pela produção em massa de pânicos morais e de premissas falsas) publicou em inúmeros jornais e noticiários que o atual Papa Bento XVI (famoso no seio da Igreja Católica pela luta constante contra os modernismos que abalam a estrutura da Igreja e da sociedade) queria obrigar a todos sacerdotes a celebrar a missa em rito Tridentino, isto é, o rito proposto pelo Papa São Pio V no qual se reza a missa em latim e de costas para o público. A emissora fez a típica obra do demônio, pegar uma premissa verdadeira, colocar uma “mentirinha” no meio e então transformar o fato em um mito.
O fato foi que o Papa Bento XVI apenas aboliu a regra que havia entrado em uso após o Concílio Vaticano II que dizia que qualquer sacerdote que quisesse celebrar a missa em rito Tridentino deveria ter uma autorização expressa de hierarquias superiores (daí esse rito ter sido chamado desde então de forma extraordinária do rito romano). Agora, com o decreto do Papa, qualquer padre pode celebrar a missa em rito Tridentino sem tanto rigor, o que é bem diferente de obrigar a voltar a celebrar a missa em latim, ou seja, a premissa verdadeira transformada em mito leva a uma conclusão falsa.
Essa idéia de manipular a informação é fruto da ditadura do relativismo, a pior das ditaduras já impostas até hoje por ser uma ditadura moral, com conseqüências quase invisíveis, mas desastrosas. Para atingir seus objetivos, os relativistas usam a lógica do silogismo partindo de uma premissa completamente falsa, isto é, modificada pela omissão ou pela mentira.
A lógica do silogismo parte de duas premissas verdadeiras e a partir dessas duas premissas chega a uma conclusão verdadeira. Por exemplo:

• Primeira premissa: Pedro é homem;
• Segunda premissa: Todo homem é inteligente;
• Conclusão correta: Se Pedro é homem e todo homem é inteligente, Pedro é, por conseqüência, inteligente!

Entretanto, qualquer forma de raciocínio lógico, quando usado por um ignorante ou por alguém que age de má fé, se torna perigoso, um homicídio da moral e dos bons costumes em massa. Uma dessas é usada por nossos irmãos protestantes, que omitindo um trecho explicativo de I Tm 2, condenam a doutrina da intercessão dos santos pregada pela Igreja Católica. Eles isolam I Tm 2, 5 e com isso chegam a uma conclusão errada pela própria lógica do silogismo:

Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem (cf. I Tm 2, 5). Partindo desse versículo isolado temos:

• Primeira premissa: Nosso Senhor, Jesus Cristo, Deus e homem é o único mediador entre Deus e os homens;
• Não há outros mediadores;
• Portanto, nem Nossa Senhora, nem os Santos são mediadores.

Como, entretanto, o próprio São Paulo fala, a letra mata (cf. II Cor 3, 6). Ora, é perigoso ler a Bíblia isolando versículos, deslocando trechos de seu contexto e sem alguém que explique a letra para aquele que lê como fez São Filipe ao eunuco da Rainha Candace, da Etiópia (Cf. At 8, 27-40). A explicação de São Filipe rendeu a conversão de um pagão que não entendia as Sagradas Escrituras. Assim, se nossos irmãos tivessem o cuidado de entender o que é a doutrina dos santos, o que é o batismo e o que é a mediação de I Tm 2, 5, a lógica do silogismo derrubaria esse preconceito em seus corações.
Acredito que estamos todos de acordo que a oração de um fiel pelo outro colabora para a conversão e para a o bem do fiel que recebe a oração. Um santo é uma pessoa que morre na alegria de Cristo, e como está morto nessa vida, sua vida está de fato, escondida em Cristo. Assim, após a morte, a alma de um santo está em plena comunhão com Cristo. Livre de qualquer impedimento dos pecados, um santo pode orar a Cristo com um valor infinitamente superior pelos seus irmãos, portanto, a principal diferença entre um santo “morto” e um ser humano vivo é o grau de união com Cristo.
Outro ponto interessante é que estamos mortos para o mundo, pois morremos com Cristo na cruz pelo batismo para esse mundo de forma que esse mundo é apenas uma sombra que passa, afinal, nossa vida já está escondida em Cristo. Se é assim, todos os batizados são parte do corpo místico do qual Cristo é a cabeça, sendo todos nós, parte (que honra), do próprio Cristo. Participamos da divindade de Cristo pelo batismo (Cf. Toda a carta de São Paulo aos Romanos)!
Assim, o silogismo age diferente:

• Primeira premissa: Somos participantes da divindade de Cristo;
• Segunda premissa: A divindade de Cristo é a única mediação que nos salva;
• Conclusão: Somos todos mediadores laterais da salvação, pois somos parte da divindade de Cristo.

É esse o verdadeiro sentido de I Tm 2, 5 explicado pelo próprio apóstolo São Paulo no contexto que vai de I Tm 2, 1 até I Tm 2, 6 (Cf. I Tm 2, 1-6). Como se vê, somos, segundo a carta de São Paulo aos Romanos, todos participantes do Corpo Místico de Cristo através do batismo. Assim, somos todos co-mediadores da salvação.
O segundo fato que torna a primeira premissa protestante falsa é a definição de mediador de I Tm 2,5. Nosso Senhor é o único mediador de salvação. Se omitirmos que somos parte da mediação através do batismo, a primeira premissa é falsa, pois parte de uma omissão. Ainda há que se considerar também, que os santos são mediadores, além de salvação, de oração pelos que vivem. Por isso, vemos que os santos quando são chamados de mediadores, são mediadores que, na maioria das citações, estão orando pelos irmãos na terra. Assim, mais uma vez o silogismo diz:

• Primeira premissa: Nosso Senhor é o único mediador de redenção, por isso ninguém vai ao Pai (aos céus) senão pelo sacrifício de Cristo;
• Segunda premissa: Qualquer um pode orar pelo seu irmão, pois isso não quebra a mediação única de Cristo;
• Conclusão: Um irmão falecido em estado de graça pode orar por todos os irmãos que estão na terra e por isso pode também ser co-mediador da redenção, afinal, ele é parte do Corpo Místico de Cristo.

Negar esse raciocínio é negar que orar pelo próximo faz sentido. Não crer que podemos orar pelo próximo é contrariar as Sagradas Escrituras. Como amenizar isso? É irremediável!
Portanto, não há verdade relativa. A verdade é absoluta e uma interpretação sincera, sem omissões e sem “mentirinhas” vai ser uma interpretação correta, sendo todas as outras falsas.
O que os relativistas querem é pegar um fato, transformá-lo em um mito, colocar sua opinião sobre um mito (que obviamente jamais existiu) e então divulgar uma idéia falsa para defender seus próprios interesses.
Porque hoje a mídia faz tanta distorção dos fatos? É óbvio, se ela distorcer, poderá manipular a informação e formar uma sociedade falsamente culta (inocente dessa falta de cultura, é claro) e assim poderá destruir o que ataca seus interesses.
Basta pensar por uma lógica simples. Um homem que tem duas famílias tem mais despesas que um homem que tem apenas uma. Assim, se ele tem mais despesas, o mercado cresce. Daí o interesse da mídia em propagar a dissolubilidade do matrimônio, pois se as empresas crescerem, mais propagandas vão fazer e com isso, mais a emissora irá lucrar.
Simples, não? Por isso, tomem cuidado com o que vêem nas emissoras de televisão. Temos hoje seitas que visam tomar os fiéis da Igreja Católica, pessoas que querem destruir os valores cristãos por causa do dinheiro e mais uma infinidade de premissas falsas fantasiadas de verdadeiras visando apenas o próprio bem.
Isso é relativismo. O bem e o mau é o que eu quero em um dado momento que estes sejam bons ou ruins. Se eu não quero, então isso é ruim. A grande questão é, seu direito termina quando começa o direito do outro. Ninguém tem o direito de prejudicar o próximo, de disparar mentiras, calúnias, propagandas enganosas ou coisas do gênero, mas sim tem o dever de analisar o fato de forma nua e crua passando, portanto, uma informação de qualidade.
A liberdade de expressão e de ação pode e deve ser usada, desde que e somente que se saiba fazer bom uso disso. Quem usa sua liberdade para coisas ilícitas é libertino e o lugar dessas pessoas é na marginalização até que aprendam a fazer o que é correto. Fazer o que correto é ser uma pessoa de índole impecável, como todos deveriam ser.

In corde Iesu et Mariae semper!

Eduardo Moreira.

Um comentário:

  1. Concordo e acrescento não só a mídia, mas os politicos, que não querem ter "problemas" com os meios de comunicações. E a própria inércia de muitos Bispos, que não se pronuciam. E o sectárismo aumenta cada dia mais, pois os pseudo-pastores, veem oportunidades para proselitimos, numa sociedade cada vez mais "burra" e exclusivista.

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