Essas pessoas não conhecem e não fazem nenhum esforço para conhecer a doutrina. Se dizem católicas, mas em nada obedecem a Santa Igreja. Aceitam convites de pessoas de todas as religiões para irem conhecer e sequer crêem na frase de São Cipriano (258 dC): “Extra ecclesiam nulla salus”, ou seja, fora da Igreja não há salvação!
Para esses pseudo-católicos é que essa carta é direcionada. Em especial, para aqueles totalmente ignorantes que desconhecem em plenitude que o celibato não é algo plenamente obrigatório na Igreja. Poderia aqui falar sobre a “relação” mirabolante entre pedofilia e celibato, mas não vou me ater a essa temática que já foi abordada em nosso blog.
O catecismo da Igreja Católica fala sobre os ritos orientais, isto é, ritos que fazem parte em plenitude da Igreja Católica através de outras Igrejas igualmente católicas. Provavelmente, os pseudo-católicos vão falar aqui que no oriente não há Igreja Católica e que essas Igrejas as quais estamos nos referindo são as Igrejas Apostólicas Ortodoxas. Puro engano!
Estamos aqui falando das Igrejas Orientais Católicas Apostólicas Romanas, isto é, Igrejas que fazem parte da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, pois são submissas ao papado, o que é bem diferente das Igrejas Apostólicas Ortodoxas que são cismáticas.
Para uma melhor explanação, vamos descrever calmamente o que é necessário para compreender melhor o que se aborda aqui. A Igreja Católica Apostólica Romana é constituída atualmente por 23 Igrejas particulares Sui Juris. O que é isso? Isso significa que temos no seio da Igreja, 23 Igrejas particulares submissas ao papado, mas que têm diferentes ritos, formas organizacionais, tradições e localizações geográficas. Comumente essas Igrejas têm um hierarca (Arcebispo maior, Patriarca, Metropólita, etc.) que as coordena sob a autoridade papal.
Temos na Igreja situada no Ocidente, uma grande Igreja chamada Igreja Católica Latina. Essa é a maior de todas as Igrejas Sui Juris e por isso todos acabam confundindo-a com a Igreja Católica Apostólica Romana inteira. Entretanto, no Oriente temos outras 22 Igrejas, que possuem certa autonomia e têm eparquias ao invés de dioceses. Essas Igrejas Orientais não são cismáticas, pois estão em plena comunhão com o papado.
Nessas 23 Igrejas temos uma variedade enorme de ritos litúrgicos e tradições. Enquanto que no Ocidente um padre é obrigatoriamente celibatário, no Oriente essa disciplina é opcional. Isso ocorre porque o celibato foi instituído como obrigatório já no Concílio de Latrão (1123 – 1125) e apenas nos ritos latinos da Igreja, ou seja, apenas no ocidente. Antes desse concílio, o celibato era uma disciplina opcional.
No oriente as Igrejas já existiam há séculos e mais séculos. Era muito forte na tradição dessas Igrejas que um padre pudesse escolher entre o celibato e o casamento. Por esse motivo, a Igreja respeitou os irmãos do oriente e não os obrigou a essa disciplina. Assim, no oriente até nos dias de hoje um aspirante ao sacerdócio pode ser casado. Entretanto o casamento deve ser realizado antes da ordenação do sacerdote, ou seja, um padre não pode se casar, mas um homem casado pode ser ordenado.
Além disso, muitas das Igrejas Orientais foram readmitidas no seio da Igreja depois do Concílio de Latrão. Isso ocorreu porque em 1050 d.C. houve o Grande Cisma do Oriente, no qual uma boa parte das Igrejas Orientais se separou formando as Igrejas Ortodoxas. Nessas Igrejas, em geral o celibato não é obrigatório. Assim, com o tempo devido à tradição dessas Igrejas, o Santo Padre foi acolhendo-as do jeito que eram, acertando apenas a doutrina, mas não as tradições (não confundir com a Sagrada Tradição que é parte da doutrina).
O celibato é uma disciplina que foi recomendada já por Nosso Senhor Jesus Cristo. São Paulo também era celibatário e pedia que quem pudesse, fosse celibatário como ele. Jesus mesmo disse que aqueles que amavam muito o Reino dos Céus eram capazes de se fazer eunucos (Mt 19, 12). A Igreja do rito latino quis que apenas os que aspirassem muito o Reino de Deus se fizessem sacerdotes. Isso não é obrigar às pessoas a não se casarem, pois querer ou não o sacerdócio é uma opção livre de cada um. A Igreja não obriga que ninguém seja sacerdote e essa disciplina existe para ter apenas aqueles que querem se dedicar inteiramente ao Reino dos Céus.
E quem disse que é só pelo sacerdócio que se pode servir a Deus? Há na Igreja também os diáconos (que fazem boa parte do que os sacerdotes podem fazer), ministros e leigos que fazem parte integrante da ação da Igreja. E quanto à falta de sacerdotes, saibam os que criticam que nunca houve tantas vocações nos seminários, ao contrário do que se pensa. Não é o casamento que vai fazer com que uma pessoa se torne ou não sacerdote, pois na Igreja Maronita, umas das Igrejas Orientais, também há falta de sacerdotes como na Igreja Latina, mesmo o celibato sendo opcional.
Além das 23 Igrejas Sui Juris existem também os ritos próprios dessas Igrejas. Temos dois grandes conjuntos de ritos na Santa Igreja que são os ritos ocidentais e os ritos orientais. Os pseudo-católicos que tanto odeiam a Igreja não sabem sequer que mesmo na Igreja Latina há uma grande variedade de ritos. Abaixo, uma lista das Igrejas Sui Juris e dos ritos utilizados por elas:
Ritos latinos - Igreja Católica Latina:
· Rito Romano (Tridentino e Paulino). O rito Tridentino é um rito elaborado por São Pio V no qual o sacerdote se vira para a cruz (automaticamente fica de costas para o público) e celebra a missa em latino. O rito Paulino é o rito novo da Santa Missa. Foi elaborado pelo Papa Paulo VI e pode ser celebrado em qualquer língua, inclusive no latim;
· Rito Ambrosiano;
· Rito Moçarabe;
· Rito dos Cartuxos;
· Costume Anglicano (em desenvolvimento para acolher os convertidos do Anglicanismo).
Rito Bizantino – Abaixo as Igrejas que usam esse rito e o ano de sua readmissão:
· Igreja Greco-Católica Melquita (1726);
· Igreja Católica Bizantina Grega (1829);
· Igreja Greco-Católica Ucraniana (1595);
· Igreja Católica Bizantina Rutena (1646);
· Igreja Católica Bizantina Eslovaca (1646);
· Igreja Católica Búlgara (1861);
· Igreja Greco-Católica Croata (1611);
· Igreja Greco-Católica Macedónica (1918);
· Igreja Católica Bizantina Húngara (1646);
· Igreja Greco-Católica Romena unida com Roma (1697);
· Igreja Católica Ítalo-Albanesa (esteve sempre em comunhão com a Igreja Católica);
· Igreja Católica Bizantina Russa (1905);
· Igreja Católica Bizantina Albanesa (1628);
· Igreja Católica Bizantina Bielorrussa (1596).
Ritos Antioquenos – São utilizados pelas seguintes Igrejas:
· Igreja Maronita (união oficial reafirmada em 1182);
· Igreja Católica Siro-Malancar (1930);
· Igreja Católica Siríaca (1781).
Ritos Sírios orientais – São utilizados pelas seguintes Igrejas:
· Igreja Caldeia (1692);
· Igreja Católica Siro-Malabar (1599).
Rito Arménio – Igreja Católica Arménia (1742).
Ritos originários de Alexandria – São utilizados pelas seguintes Igrejas:
· Igreja Católica Copta (1741);
· Igreja Católica Etíope (1846).
Para saber mais sobre as Igrejas Orientais e seus costumes é bom ler o Catecismo da Igreja Católica que aborda de forma bastante eficiente as diferenças entre as Igrejas do Oriente e a Igreja Latina. Não há nenhuma diferença na doutrina, mas apenas nos costumes e tradições. Quanto à Sagrada Tradição, esta é a mesma nas Igrejas do Ocidente e do Oriente.
Ut in omnibus glorificetur Deus!
Eduardo Moreira